Também publicado dia 02/05/2020 no Portal O Povo Online/Blog do Eliomar
Não se engane: o mundo não vai voltar “ao normal”. A pandemia Covid-19 está alterando de forma definitiva as relações econômicas, sociais e políticas. Os anos 20 serão um marco divisório.
Esqueça o “quando tudo isso terminar, voltaremos à nossa vida”. Para os que sobreviverem, essa vida de antes, que sob o capitalismo se constituía em uma subvida, não existirá mais. Mudanças profundas, embora em sua maioria sutis, estão ocorrendo. Óbvio que a exploração e a opressão continuarão, talvez até mais brutais.
Antes mesmo da pandemia, o sistema já parecia ter alcançado sua fronteira histórica: “Se procurarmos pela verdadeira e real produção de mais-valia e a respectiva necessidade de aumentá-la, é forçoso concluir que o coração do capital mundial já parou de bater... Mas seja como for a desvalorização do dinheiro em seus detalhes, cujos preâmbulos já se deixam entrever em grande parte do mundo como ciclo inflacionário, ela constitui o final da história do modo de produção baseado no dinheiro” (Robert Kurz).
Como jornalista sinto falta de uma reflexão mais profunda por parte dos comunicadores e de uma busca mais ampla para entender as causas e principalmente as consequências do que estamos vivendo.
Nas coberturas, o factual se sobrepõe de maneira desproporcional à análise e à investigação. Isso é ainda mais acentuado no Brasil, onde a usina de crises e absurdos movida por Bolsonaro e seus seguidores de extrema direita parece gerar a cada hora uma nova aberração. Para não falar no crescimento da desordem da informação (desinformação, mal-informação e informação incorreta). Já vivíamos uma epidemia de mentiras, alavancada pelo neofascismo via redes sociais. Com a Covid19, piorou.
O fato é: aqueles(as) que se acham donos do mundo e que definem e são definidos(as) pelos rumos da sociedade produtora de mercadorias, estão bastante empenhados em usar a Covid-19 a seu favor e em tirar proveito dela para um redesenho de um mundo ainda mais distópico do que a atual. Destaco que também existe a possibilidade, ainda que remota, de romper com esse modelo de vida e de produção que nos conduz ao genocídio e ao suicídio enquanto espécie, sem falar na destruição da natureza e do planeta. Seguem alguns dos conceitos fundamentais para entender esse Dreadful New World: biolegitimidade, cadeias de suprimento, capitalismo informacional, cripto moeda, desobediência civil, emergência climática, fascismo/neofascismo, guerra híbrida, ID2020, massa sobrante, nanotecnologia/nano chip, neoliberalismo, OMS, panóptico, quarta revolução industrial, renda mínima universal, servidão voluntária, serviços ecossistêmicos, tecnopolítica, vigilância em massa…
Por enquanto seguimos como definiu o filósofo belga, Raoul Vaneigem: “Lá fora, o caixão, aqui dentro, a televisão, a janela aberta sobre um mundo fechado!”
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