Usuários do Metrô de Fortaleza
(Metrofor) continuam sendo vítimas do descaso e irresponsabilidade
do Governo do Ceará.
Mesmo cobrando passagem desde outubro
de 2014 e tendo havido extensão no horário de circulação dos
trens, a situação continua precária. Os trens circulam de 6h40 às
19h, de segunda a sábado.
Não há definição com relação aos
horários intermediários em que os trens circulam e nem sobre a
quantidade dos mesmos. Há quatro composições, mas normalmente o
Metrofor funciona com 2 ou 3 trens pois há quebras e panes
constantes, embora
o próprio site do Metrofor afirme que em 2009 foi firmado contrato
para aquisição de 20 composições.
Diariamente há atrasos no serviço que
muitas ultrapassam uma hora entre a circulação de um trem e outro,
prejudicando usuários. Muitas vezes também o serviço é suspenso a
qualquer momento, como aconteceu na sexta-feira, 26/06/15. Eu estava
em um dos trens que parou na estação Parangaba. Os seguranças
pediram para os passageiros descerem pois a estação Benfica estava
alagada e não havia previsão de retorno do funcionamento do
serviço. Quando isto acontece, não é devolvido o dinheiro da
passagem aos passageiros, apenas o bilhete, que é inútil naquele
momento visto que o metrô não está funcionando. O portal O
Povo publicou matéria sobre a pane. Nela inclusive eu questionei
como se pode entender um metrô que alaga em plena seca (havia
chovido apenas 0,9 mm).
Uma
história cabeluda
O projeto do metrô de Fortaleza é de
1987 e as obras, previstas para serem concluídas em 2 anos,
iniciaram somente em 1999 e ainda não terminaram. Com todo este
tempo de atraso, a Linha Sul do metrô ainda conta com duas estações
inconclusas e tem funcionamento precário. A chamada operação
assistida, iniciada em junho de 2012, quando o governador Cid
Gomes(Pros) inaugurou o metrô junto com a presidente Dilma
Roussef(PT), deveria durar seis meses. Se arrastou por mais de dois
anos. Passou a funcionar comercialmente em 1º de outubro de 2014,
pouco antes das eleições. Situação continua precária. Legado
infame dos governadores Tasso Jereissati, Ciro Gomes, Lúcio
Alcântara e Cid Gomes. Na prática, o atual governador do Ceará,
Camilo Santana, que foi candidato de Cid Gomes, pretende dar
continuidade ao descaso. Não bastasse isso, ele
pretende privatizar o metrô. Até hoje a Linha Sul do Metrofor
possui 2 estações inconclusas e que não são usadas. Nelas, as
obras estão paradas.
Em 2014, o Tribunal de Contas da União
constatou
que a obra do Metrofor foi superfaturada. As obras da Linha
Leste, para as quais foram destinadas bilhões, estão praticamente
paradas.
Há ainda uma série de outros
problemas relacionados ao funcionamento do Metrofor. Exemplos: Na
maioria das estações não há placas de sinalização interna.
O metrô conta com sistema de som e
letreiros luminosos nos vagões, mas quase nunca estes são
utilizados, tendo os usuários que “adivinhar” em qual estação
se encontram. Como os trens foram comprados na Itália, as barras
horizontais para as pessoas se segurarem durante o trajeto, foram
projetadas para europeus, o seja, são muito altas. O cearense, que é
de estatura mediana ou baixa, sofre para conseguir apoio. Isto
poderia ser resolvido facilmente colocando alças, que até o momento
inexistem.
Governo
Camilo só piora a situação
Para piorar a situação, o Governo do
Estado do Ceará e a empresa responsável por administrar o metrô
estão reduzindo drasticamente o número de seguranças do Metrofor.
Até o início de maio/15, havia uma média de 3 ou 4 seguranças no
interior de cada trem. A presença destes profissionais ajudava a
coibir agressões, furtos e outras infrações. Além disso, zelavam
pelo cumprimento de algumas regras básicas do transporte coletivo
tais como garantir assentos prioritários a idosos e gestantes. Havia
também um número de seguranças equivalente nas estações. Hoje,
muitos destes profissionais foram retirados restando em média
somente um segurança em cada trem e dois nas estações.
Não sou defensor do estatismo total,
mas a privatização do Metrofor não é solução. Basta ver como
funciona o sistema de transporte coletivo (ônibus) em Fortaleza e os
serviços das operadoras de telefonia no país. Constroem uma obra
gastando bilhões, superfaturam, sucateiam e aí entregam a
empresários (que compram muitas vezes usando empréstimos públicos)
a preço de banana com casca preta.
Caution
e conversa pra boi dormir
Já denunciei esta situação ao
Ministério Público Federal, que desde 2002 tem procedimento com
relação ao Metrofor. Mas, pelo visto, a apuração caminha a passos
de tartaruga com artrite.
Recentemente o Metrô de Fortaleza foi
notícia em vários veículos da imprensa internacional pois foi
usado de forma indevida e até criminosa para “pegadinhas” de um
programa de TV. Embora o irmão do ex-governador Cid Gomes, Ivo
Gomes, secretário das Cidades, tenha
determinado investigação sobre o caso, até agora ninguém foi
punido e nem há garantia de que o seja.
Por fim, como se pode ver nas fotos ao longo do texto, há equipamentos quebrados como escadas rolantes.
Mas o respeito á população é tanto que a reparação demora
semanas e as placas indicando que deve haver atenção, estão em
inglês e além de tudo são mentirosas pois não há ninguém
trabalhando.
As fotos são da Estação Parangaba e
foram feitas dia 26/05/15. Situação semelhante ocorre na estação
José de Alencar. Neste local, a escada rolante está quebrada há
mais de um mês.
A quem apelar?
Haroldo Barbosa
Jornalista
1 comentários:
Por que o metrô não pode funcionar no domingo?
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